terça-feira, 11 de março de 2008

Gandhi disse...

Sete grandes erros da humanidade:
  1. “Riqueza sem trabalho”
  2. "Prazer sem consciência”
  3. “Conhecimento sem carácter”
  4. “Negocio sem moralidade”
  5. “Ciência sem ética”
  6. “Culto sem sacrificar”
  7. “Política sem princípios”
—Mahatma Gandhi *


“Riqueza sem trabalho”
Qual o valor do dinheiro? É esta a questão exposta nesta frase. Para analisar isto deve-se recorrer a quatro casos, primeiro alguém que é pobre, mas não trabalha. Alguém que é pobre e trabalha arduamente. Alguém rico devido a muito trabalho. E alguém rico sem fazer nada.
O malandro lá da vila. Dá valor ao dinheiro? Dá. Mas o seu valor é, para ele, inferior ao do valor do descanso. Não trabalha, não dá valor.
O coitado do Zé Maria, sempre sonhou com uma casa grande, um Ferrari, e queria ainda ter uma piscina. Mas o mais longe que chegou foi a uma banheira. Sempre trabalhou, foi ao mercado, vendeu e recebeu dinheiro. Guardou-o bem e tentou mantê-lo ao mesmo nível. Trabalha para o seu dinheiro. O seu valor é superior ao do trabalho.
Tio Patinhas, aquele sovina da banda desenhada. Admite-se geralmente que trabalhou muito para ganhar o seu dinheiro. É sovina. Devido ao trabalho árduo, e mesmo tendo muito, o dinheiro tem para ele um valor tão elevado que não o gasta de qualquer forma. Valor do dinheiro=dinheiro2.
Quando se nasce rico é muito fácil. Não se precisa de fazer absolutamente nada. Já se tem tudo. Então para que se preocupar? Não vale a pena. Vou mas é aproveitar e viver “na boa”.
Imagine-se o estado de uma nação rica sem nada fazer por isso. Isso aconteceu com Portugal na era dos descobrimentos, na parte final. O dinheiro era tanto que se julgava que nunca ia acabar. Então porque desenvolver o país? Não vale a pena. Todos podemos observar os perigos da “riqueza sem trabalho”.

“Prazer sem consciência”
Este erro é um erro devido à liberdade de cada indivíduo (Ver post “Placas anti-democráticas). Qualquer ser humano tem os seus direitos, e isto deve-se respeitar ao máximo. Se alguém não tiver consciência é sinal que não é responsável (logo é imaturo), mas se tiver possibilidades para fazer o que quiser...
Encontra-se um grande erro, portanto. Para se ter direitos é preciso ter deveres. Alguém que não tem consciência, que é egocêntrico, não tem deveres. Este é o grande erro. Um país, incluindo aqueles em guerra, têm deveres, não se podem “baldar”, os problemas não lhes passam ao lado, porque isso trará consequências drásticas para eles e para o mundo.
Hoje é cada vez mais importante, num país de muitas culturas e muitas interacções, saber-se estar, saber-se ser cívico, saber-se evitar o egocentrismo e a isolação. Porque enquanto o mundo lá fora avança, nós ficamos na discoteca. Quando saímos, estamos numa outra nebulosa planetária... Se apenas ligarmos ao bom acabaremos sempre por ficar para trás... esquecidos...

“Conhecimento sem carácter”
São os génios do mal. Quando pensamos num pensamos sempre numa espécie de Einstein malévolo. Qualquer pessoa deve, para se evitar o conflito, para não se interferir (negativamente) na área de liberdade de outros, restringir o seu conhecimento, porque nem todo o saber é bom... afinal foi o saber que criou a bomba atómica, e nada de bom daí adveio...
Outras pessoas existem, pelo que as devemos respeitar, pois têm capacidades semelhantes (ou, muito provavelmente, superiores) a nós. Deve-se por isto promover um ensino (menos) factual e (mais) valorativo.

“Negócio sem moralidade”
Mais uma vez o centro da questão foca-se na liberdade. Por mais ambição que alguém tenha, nem todos os meios para realizar os seus objectivos são válidos. Primeiro tem que se ter em conta que se deve respeitar os outros seres humanos, é devido a eles que temos um negócio.
A burla dá direito a represálias, pelo que não é muito aconselhada (pela sua saúde, não entre por este caminho).
Depois deve-se compreender que nem tudo é um negócio. Nem tudo o existente se pode negociar, nem tudo tem um valor monetário. Deve-se ter em conta que existem outras pessoas que poderiam não apreciar a venda de coisas a que dão um valor (sentimental) muito superior ao seu valor monetário (o valor sentimental não está incluído nos preços). Devemos respeitar todo o ser humano existente (e as suas crenças), pelo que não pode haver negócio sem moralidade.

Ciência sem ética”
Esta frase assemelha-se um pouco à questão do conhecimento sem carácter. Deve-se ter em conta as individualidades e crenças de outrem. Deve-se distinguir o que está certo e o que está errado, pois ainda somos capazes de ver as consequências dos nossos actos e de escolher o bem (por enquanto ainda não precisamos de um cão-guia).
Nem tudo deve ser investigado, pois deve haver um respeito por tudo o existente. Nem todo o conhecimento é bom, pois o conhecimento de coisas pessoais interfere (quase sempre negativamente) com a liberdade de outros.
No dia em que a ciência ultrapassar a ética o Homem transformar-se à em Robot.

“Culto sem se sacrificar”
Em qualquer religião há deveres. Estes deveres devem-se respeitar para que os direitos que daí advêm possam ser uma realidade. O que acontece muito nos dias de hoje (principalmente em Portugal) é tentar obter os direitos sem ter que realizar os deveres. Muitos portugueses dizem-se católicos e querem ir para o céu, mas raramente agradecem a Deus a comida que têm no prato.
Mas o fulcral neste tema não é a religião, mas antes o paralelismo que se pode fazer com a vida real. Tal como na religião, para se obter direitos cívicos devem se respeitar determinados deveres cívicos. O que muitas vezes acontece é as pessoas tentarem ter direitos sem ter que cumprir deveres. Isto estagna o desenvolvimento de uma região e não promove de maneira alguma a igualdade entre indivíduos.
Para se obter direitos somos obrigados a sacrificar (tempo ou outros).

“Política sem princípio”
Para se poder actuar correctamente e coerentemente em todas as ocasiões é preciso ter princípios. Estes princípios não são mais do que ideias principais em torno dos quais se desenvolve uma ideia. Imagine-se então política sem princípio. As acções e escolhas tomadas seriam incoerentes, pois para tudo existiriam critérios diferentes. A falta de princípios faria com que uma única pessoa pudesse moldar a política na direcção que quiser. O mundo cairia nas mãos de alguns indivíduos.
Por outro lado a frase “política sem princípios” indica-nos uma política em que não se respeitam as normas de uma determinada região, pois os critérios são pertencentes a uma única pessoa; seria semelhante a falar de uma política caótica, sem nexo nem coerência. Esta política não promoveria nem o respeito por regras (pois as interpretações são pessoais) nem pelas liberdades de indivíduos, pelo que seria profundamente negativa para a região em causa.
Política sem princípios é o mesmo que vender produtos a moedas diferentes.

Gandhi escreveu esta lista de erros da Humanidade à bastante tempo, actuais no tempo da sua escrita. No entanto se transitarmos esta lista de erros para qualquer época histórica verificar-se ia sempre que estes erros são os que mais se deve evitar. Ao analisarmos de uma forma cronológica pode-se verificar ainda que estes problemas têm vindo a ter importância cada vez maior, devido à era da comunicação.
Para se evitarem estes erros deve-se procurar políticas de liberdade, de igualdade e de educação adequadas, evitando-se futuros erros de ordem humanística.

/Melle J Gruppelaar

*Mohandas Karamchand Gandhi nasceu a 2 de Outubro de 1869 em Porbandar, Índia. Ele liderou o movimento indiano para a independência, e é um dos lideres espirituais e políticos mais respeitados do sec. XX. Em 1948 é assassinado por um fanático Hindu que se opunha à sua tolerância para com todas as crenças e religiões. Gandhi ficou honrado pelo seu povo como o progenitor da nação indiana e é chamado de “Mahatma”, que significa Grande Espírito.
Informação recolhida de http://www.doctorhugo.org/gandhi.html e traduzida por Melle J Gruppelaar

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